mudar de emprego...

é como acordar numa casa que não é nossa. O espaço cheio das coisas dos outros. Cheio dos outros. Os outros serem os outros - e nós ainda não fazermos parte disso. Andamos em bicos de pés. Estranhamos a secretária. Viramos no corredor errado. Não conhecemos o espaço com os sentidos. Com os olhos fechados que vêem sempre a nossa casa. A dizerem-nos que não conseguem vislumbrar aquela que agora escolhemos.

Os empregos novos são assim, como o slogan com que o Pessoa foi rejeitado pela Coca-Cola, ainda os heterónimos se desenhavam apenas no escuro das folhas das suas paredes pessoais: primeiro estranha-se, depois entranha-se,