Tuesday, March 28, 2006

Diálogo

não conversas. da boca sai-te só essa verborreica náusea de palavras emprestadas todas as manhãs.
não sentes o prolongamento de ti no outro.
não conversas. apenas falas, no acto mecânico da respiração.

Falas devagar.
respiras devagar.

nem demais
nem de menos.

apenas a quantidade exacta e milimetricamente necessária ao gesto repetido dessas palavras cansadas.

conheci-te a vida toda, a adiares-te nessas mesmas palavras.

e o mundo com que as podias construir
dilui-se agora,
embaciado,
nelas.

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Há tanta gente q vive neste silêncio...

28/3/06 10:18 AM  
Blogger joana said...

que bonito.
vou voltar.

28/3/06 3:59 PM  
Blogger Miss Japa said...

(:

beauty, como tudo, lays in the eyes of the beholder.

mas esta beholder aplica a mesma expressão a uma visitinha rapida a tua omelette de palavras.

28/3/06 11:52 PM  
Blogger domakesaythink said...

No se trata de hablar,
ni tampoco de callar:
se trata de abrir algo
entre la palabra y el silencio.
Quizá cuando transcurra todo,
también la palabra y el silencio,
quede esa zona abierta
como una esperanza hacia atrás.
Y tal vez ese signo invertido
constituya un toque de atención
para este mutismo ilimitado
donde palpablemente nos hundimos.

Roberto Juarroz

31/3/06 7:04 PM  

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