Monday, October 30, 2006
livro de estilo #15
"Banco" = é um local de trabalho onde existem mais grávidas por metro quadrado face a qualquer outro. Sítio físico onde reina, portanto, a teoria e lógica quase coerciva da uniformização, não só ao nível da aparência mas também do estilo de vida - "casado, quotidiano, fútil e tributável"*.
*Fernando Pessoa
*Fernando Pessoa
Labels: livro de estilo
de La Palisse #3
Trabalhar na Baixa dá um novo sentido à expressão "o Natal deveria ser todo o ano"*.
*estamos em Outubro e já há mais de uma semana que tropeço nos desejos de "um Natal deste tamanho" a caminho de casa. O Natal devia ser apenas e só um dia do ano.
*estamos em Outubro e já há mais de uma semana que tropeço nos desejos de "um Natal deste tamanho" a caminho de casa. O Natal devia ser apenas e só um dia do ano.
Saturday, October 28, 2006
Síndrome de Linda de Suza #6
"um rapaz tem uma probabilidade quase 5 vezes superior de vir a fazer o Inov Contacto quando sai da faculdade que uma rapariga nas mesmas condições. Isto é apenas matemática."
Labels: Linda de Suza
Friday, October 27, 2006
Thursday, October 26, 2006
As aventuras de dois proto-intelectuais no mar da mediocridade corporativa #3
Trabalhar num Banco é abrir o explorer, levar com a Intranet e depararmo-nos com a expressão "aquisição potestativa" utilizada com a displicência do calão comum.
um (admirável) mundo novo. perante uma admirada trabalhadora boquiaberta.
um (admirável) mundo novo. perante uma admirada trabalhadora boquiaberta.
Post Partilhado
Sopeirice do Séc. XXI
Não sou fã de novelas que não sejam precedidas do termo "rádio".
As da televisão deixam muito a desejar, com as tentativas de tirada pró-marketing trend-follower da new generation, feitas de um decalcar simplista de emoções e narrações-tipo que imitam a realidade que se ficcionaliza perante essa imagem de si mesma.
Mas enquanto há vida há esperança, e ontem a minha quest for the holy graal versão coxinhas do tide melodramáticas mas originais qb deu frutos (graças a este senhor). Estamos viciadas.
Tuesday, October 24, 2006
Friday, October 20, 2006
Livro de Estilo #15
"quotidiano" = Não tentes compreender a essência do quotidiano. Porque ele existe apenas na repetição contínua e desprovida de si mesmo, executada no atenuar do sentido para além da zona limítrofe da tua compreensão. Sobram apenas, já te disse, paisagens inúteis, que não deves tentar tocar. Há muito que perderam o sabor, desenhadas entre bocas e corpos de olhares vazios que se movem numa valsa de monotonia.
Não ofereças resistência. É o melhor conselho que te posso dar.
Escreve os teus sonhos num papel e guarda-os numa gaveta ou cofre ou sentimento e gesto escondido. Deixa que a mediocridade te possua como um vírus suave, aparentemente inofensivo. Mas nunca te esqueças desse papel. E um dia, quando os teus olhos e o teu corpo e a tua boca se começarem também a mover languidamente nessa valsa da monotonia, abre a gaveta, e deixa a humanidade entrar.
Não ofereças resistência. É o melhor conselho que te posso dar.
Escreve os teus sonhos num papel e guarda-os numa gaveta ou cofre ou sentimento e gesto escondido. Deixa que a mediocridade te possua como um vírus suave, aparentemente inofensivo. Mas nunca te esqueças desse papel. E um dia, quando os teus olhos e o teu corpo e a tua boca se começarem também a mover languidamente nessa valsa da monotonia, abre a gaveta, e deixa a humanidade entrar.
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Problemas de pontuação
um dos meus problemas é precisamente o ser-me tão difícil aceitar a chegada do dia em que tudo isto não passa de um exercício de gramática.
independentemente da sintaxe de “tudo isto".
ponto final.
parágrafo?
independentemente da sintaxe de “tudo isto".
ponto final.
parágrafo?
Thursday, October 19, 2006
livro de estilo #14
"palavras" = as palavras podem ser paisagens inúteis.
o que sobra do que fica desse real. imaginado. decorativo. à distância.
o que sobra do que fica desse real. imaginado. decorativo. à distância.
Labels: livro de estilo
Wednesday, October 18, 2006
Quinta emenda
Não posso falar no assunto.
Por isso mesmo é que estou desejosa que chegues ao trabalho para nos podermos rir sobre isso.
Por isso mesmo é que estou desejosa que chegues ao trabalho para nos podermos rir sobre isso.
Tuesday, October 17, 2006
Monday, October 16, 2006
Friday, October 13, 2006
to Salazar with love #1
8A t-shirt mais portuguesa de Portugal já chegou. Modelos exclusivos, 100% algodão, inspirados nos momentos de elevação, indignação, embevecimento caseiro e arrojo metafísico do povo português. T-shirts verdadeiramente catitas para pessoas que sabem ser e estar. Prefira sempre t-shirts BomPovo. Ei-zi-as!
e devo acrescentar que "admito" que "não admito certas e determinadas coisas"
e devo acrescentar que "admito" que "não admito certas e determinadas coisas"
Thursday, October 12, 2006
a Divina Providência
arredores do Lounge, ontem de madrugada:
ele: Mas a sério que não és Inês Maria?
eu: Maria não que a Maria era virgem!
ela: Inês Maria...
ele: Maria não que ela não é Maria porque Maria era A virgem
eu: não, não! Não sou Maria porque A Maria ERA virgem...
hoje, via e-mail:
ele: Mas a sério que não és Inês Maria?
eu: Maria não que a Maria era virgem!
ela: Inês Maria...
ele: Maria não que ela não é Maria porque Maria era A virgem
eu: não, não! Não sou Maria porque A Maria ERA virgem...
hoje, via e-mail:
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é o que se pode chamar Divina Providência...com sentido de humor
de la Palisse #3
Sabes que o dia vai correr mal quando, depois de três miseráveis horas de sono, te levantas para sair para o trabalho e assim que passas a soleira da porta descobres que o leitor de Mp3 está descarregado.
O problema nem é tanto sobreviver a um dia de reality show corporate tv nestas condições, e sim o risco que corro de que algo menos apropriado me saia em velocidade galopante da boca para fora por não estar refugiada num universo sonoro paralelo.
O problema, quando se está nestas condições, não é o dia em si, mas o ter de partilhá-lo com os outros. Passar de espectador a interveniente.
O problema nem é tanto sobreviver a um dia de reality show corporate tv nestas condições, e sim o risco que corro de que algo menos apropriado me saia em velocidade galopante da boca para fora por não estar refugiada num universo sonoro paralelo.
O problema, quando se está nestas condições, não é o dia em si, mas o ter de partilhá-lo com os outros. Passar de espectador a interveniente.
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Tuesday, October 10, 2006
Monday, October 09, 2006
Conselho
Cerca de [grandes muros] quem te sonhas.
Depois, onde é visível o jardim
através do portão de grade dada,
Põe quantas flores são as mais risonhas,
Para que te conheçam só assim.
Onde ninguém o vir não ponhas nada.
Faze canteiros como os que outros têm,
Onde os olhares possam entrever
O teu jardim com lho vais mostrar.
Mas onde és teu, e nunca o vê ninguém,
Deixa as flores que vêm do chão crescer
E deixa as ervas naturais medrar.
Faze de ti um duploolpud ser guardado;
E que ninguém, que veja e fite, possa
Saber mais que um jardim de quem tu és
- Um jardim ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...
*Fernando Pessoa
Sunday, October 08, 2006
Scissor Sisters
But I don’t feel like dancin’
When the old Joanna plays
My heart could take a chance
But my two feet can’t find a way
Don't feel like dancing.
When the old Joanna plays
My heart could take a chance
But my two feet can’t find a way
Don't feel like dancing.
Friday, October 06, 2006
Sindrome de Linda de Suza V
A Linda de Suza voltou a acordar hoje com sindrome de Harry Potter e saiu de casa, a sonhar com a mala de cartão às bolinhas brancas e encarnadas, rumo a mais uma corrida, mais uma viagem, mais uma voltinha nos carrinhos de choque emocionais, que desta vez eram computadores.
Chegou ao "aeroporto", olhou em redor para os mais ou menos expeditos/envergonhados/entradotes ou despachados potenciais companheiros de viagem e aventurou-se pela sala adentro, sem saber o que esperar.
À entrada, as instruções de embarque ultrapassaram todas as expectativas e o síndrome de Harry Potter deu lugar a uma vontade de rir incontrolável, pontuada por ligeiras nuances de ultraje intelectual. Pode ser só a mim, mas parece-me no mínimo pornográfico definir como "prova de aptidões informáticas" para quem quer que seja da àrea das NTIC o formatar de um texto de word, efectuar fórmulas de soma no excel, fazer uma apresentação de ppt de 2 slides ou enviar um e-mail sem sequer ter que se lhe anexar um ficheiro.
But well, that's just me. And after all, I'm not the one paying for it - oh wait a second, yes I am!
E que tal se fizessem uma triagem prévia por exemplo, sei lá, lendo os CV's? Mas é só uma ideia.
Chegou ao "aeroporto", olhou em redor para os mais ou menos expeditos/envergonhados/entradotes ou despachados potenciais companheiros de viagem e aventurou-se pela sala adentro, sem saber o que esperar.
À entrada, as instruções de embarque ultrapassaram todas as expectativas e o síndrome de Harry Potter deu lugar a uma vontade de rir incontrolável, pontuada por ligeiras nuances de ultraje intelectual. Pode ser só a mim, mas parece-me no mínimo pornográfico definir como "prova de aptidões informáticas" para quem quer que seja da àrea das NTIC o formatar de um texto de word, efectuar fórmulas de soma no excel, fazer uma apresentação de ppt de 2 slides ou enviar um e-mail sem sequer ter que se lhe anexar um ficheiro.
But well, that's just me. And after all, I'm not the one paying for it - oh wait a second, yes I am!
E que tal se fizessem uma triagem prévia por exemplo, sei lá, lendo os CV's? Mas é só uma ideia.
Labels: Linda de Suza
Tuesday, October 03, 2006
Livro de Estilo #14
potencial = Não há na realidade uma frase que tão bem defina o significado emocional que tem em mim o dizerem-me que tenho "potencial" como a ficcional expressão do Dumbledore, face a um Harry Potter de olhos arregalados, a discursar em tom profecional "I believe we can expect great things from you".
Quanto mais potencial me atribuem, mais eu me sinto um Harry Potter por osmose. O problema é faltarem-me a magia, o Ron e a Hermione.
Quanto mais potencial me atribuem, mais eu me sinto um Harry Potter por osmose. O problema é faltarem-me a magia, o Ron e a Hermione.
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Sunday, October 01, 2006
Mediocridade
não sonhas. sentes o gesto no aconchego do braço, prolongamento uniforme da conformidade confortável de existir sem estar sozinho.
a palavra perde assim o sentido, a cada despertar de ombros e olhares inquietos - tão poucos- com que te cruzas nalgumas manhãs. E no caminho para o trabalho e para casa e casa para o trabalho, o roçar da mediocridade, a adormecer-te continuamente por dentro.
O torpor quotidiano dos carros, das conversas incapazes de prolongar o limite de ti mesmo. A miopia cómoda, a desfocar a linha ténue onde começa o teu futuro. O cansaço derrotado. Não sonhas. e em teu redor a tua imagem e a dos outros cada vez mais desfocada, incapazes de sonhar sozinhos.
Assim, tão humanos, sem nos sabermos tocar.
a palavra perde assim o sentido, a cada despertar de ombros e olhares inquietos - tão poucos- com que te cruzas nalgumas manhãs. E no caminho para o trabalho e para casa e casa para o trabalho, o roçar da mediocridade, a adormecer-te continuamente por dentro.
O torpor quotidiano dos carros, das conversas incapazes de prolongar o limite de ti mesmo. A miopia cómoda, a desfocar a linha ténue onde começa o teu futuro. O cansaço derrotado. Não sonhas. e em teu redor a tua imagem e a dos outros cada vez mais desfocada, incapazes de sonhar sozinhos.
Assim, tão humanos, sem nos sabermos tocar.